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Casamento em Santorini: Cerimônia Ortodoxa?

Queridas leitoras,

se você já viu todos os vídeos de casamento em Santorini disponíveis no Youtube (o meu tá aqui) , já deve estar louca imaginando que quer um casamento grego completo, certo? Tem coisa mais linda e romântica do que professar votos em grego antigo em uma Igreja Ortodoxa dourada e ainda usar aquela coroa de ramos de oliveira de deusa? Na teoria, não existe nada mais lindo né?!! E noiva adora um sonho, não é verdade!?

Mas é preciso saber qual a realidade e o que rola na prática. Então hoje vamos começar a desvendar os mistérios do casamento em Santorini e vamos entender melhor o que é necessário fazer quando se almeja uma cerimônia ortodoxa.

A primeira coisa que deve ser levada em consideração é se há realmente uma importância ou necessidade de fazer uma cerimônia ortodoxa. Eu tenho família grega, já morei na Grécia, fui em inúmeros casamentos e cerimônias da Igreja Grega, mas eu nem pensei em casar no ortodoxo simplesmente porque meu marido não ia entender bulhufas da coisa. Caminhar em volta do altar, trocar três vezes as coroas, dar uma grande golada no vinho, beijar o livro sagrado e sem contar a narração cantada linda e longa em grego nunca poderiam ser decifráveis para meu amor ítalo-brasileiro. OMG!

Eu escolhi ser flexível e quis fazer uma coisa que fizesse sentido para nós dois. Então, se é importante para você, converse com seu homem. Se for um desejo da parte dele, tente entender que muitos gregos são bem tradicionais e religião é um assunto muito importante para as famílias. É bem possível que casar na Igreja Ortodoxa seja uma grande chance de ser bem vista e aceita pela sogritcha grega, então avalie se vale a pena comprar a briga ou não (eu acho que nunca vale a pena entrar no fight, o greek blood é pesado e altamente esquentadinho rsrsrsrs).

O segundo e muito importante ponto é de questão prática. Para se casar em uma cerimônia ortodoxa, um dos dois tem de ser batizado na Igreja Ortodoxa Grega e eu conclui isso depois de muito bafafá, porque eu sempre achei que era necessário que os dois fossem ortodoxos. Depois de muitas conversas aqui no blog, emails e bate papos com amigas casadas com gregos, finalmente minha wedding planner grega favorita me explicou de cabo a rabo. Se o noivo é grego e batizado no ortodoxo, basta você ser batizada na católica, mas é necessário um batismo cristão da outra parte (a não ortodoxa). Se nenhum dos dois for batizado na grega ortodoxa ou na católica, é necessário que se batizem. Entenderam?

Então, anota aí. Vou falar de novo porque até eu me confundo….Para fazer uma cerimônia ortodoxa no seu casamento grego em Santorini precisamos de uma pessoa batizada ortodoxa e outra pelo menos batizada na católica. E caso vocês não cumpram esses requisitos, alguém vai ter que se batizar alguns dias antes do casamento. Já ouvi caso de quem batiza no casamento mesmo, mas não me perguntem porque eu não faço ideia de como funciona!

Moral da história, se for importante para você ou para seu noivo, antecipe-se, entre em contato com a sua wedding planner e pergunte todas as informações direitinho. É possível que você tenha que mandar papéis e documentos para lá e para cá e eu digo por experiência própria que os órgãos públicos na Grécia podem ser ainda mais complicados e enrolados dos que os do Brasil. Ou não, vai depender do lugar que você entrar com os papéis, de quem está te ajudando no processo e acima de tudo, da sua sorte.

Escrever esse post informativo me fez lembrar da minha saga eterna de mais de 5 anos na busca pela minha cidadania grega. Foram muitas viagens, muitas filas, papéis carimbados, traduções e muitos NÃOS. Consequentemente, muitas lágrimas. Em certo ponto extremo da minha vida, eu juntei um pouco do muito que eu tinha em Santorini e saí arrastando minha mala até o Brasil, deixando para trás uma casa montada, um noivo grego da ilha e meu primeiro empreendimento de moda. Voltei para a terrina brasilis aos frangalhos e me reconstruí com força total, na raça. E adivinhem, hoje tenho muito mais do que poderia imaginar.

Quase dez anos após começar meu primeiro processo em Atenas, estou casada e feliz, a caminho de uma naturalização grega, concluindo que a vida é mesmo muito doida. Quando eu fui embora da ilha, amargurada, achei que nunca mais iria voltar a ver o vulcão novamente. Mas independente do que eu achava ou sentia, eu fui levada novamente até lá para dizer o SIM mais doce e feliz de todos os tempos, para aceitar uma jornada ao lado do homem mais especial que já conheci. Eu algum canto de Santorini ou das minhas memórias, ainda se esconde aquela menina novinha e afobada, sonhadora, que iria se casar na Igreja Ortodoxa de uma pequena vila, que iria estar cercada de pessoas que ela mal conhecia no dia do SIM.

E graças a essa menina corajosa, hoje eu sou uma mulher por inteiro. O rumo que as coisas tomaram foram indescritivelmente mais benéficos para mim. Eu consegui realizar o sonho de casar na caldera de Santorini, de encarar o vulcão no pôr-do-sol, de ter uma cerimônia traduzida em inglês, de ter os meus queridos ao meu lado festejando por quatro dias.

E assim, de um jeito meio grego, meio brasileiro, eu vou seguindo a vida. As vezes é preciso cair feio para repensar a estratégia até o topo e isso não é tão ruim. Percebi que não sabemos nada, nadinha de nada, mas quanto menos a gente se indignar, mais perto da verdade (aquela reservada para) nós chegaremos. E tenhamos fé, porque a caminhada é longa, mas o destino é certo.

Esperança, noivas de Santorini (!), porque o estilo da cerimônia é apenas um detalhe. A verdadeira jornada só começa depois do pôr-do-sol na caldera mais clicada do mundo ;) E aí é você, ele e Deus, na frente da sabedoria incansável e silenciosa do vulcão.

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